segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Articulação em rede por meio das TICs pode favorecer o trabalho de professores

As ferramentas da web, inclusive as redes sociais, já provaram que podem ser grandes aliadas do professor em sala de aula. No entanto, quais são suas possibilidades de uso para articulação e conexão entre professores, pesquisadores e profissionais da área?

Da mesma forma que o docente pode levar as novas dinâmicas comunicacionais do mundo virtual para os alunos, ele pode utilizá-las para aprimorar sua prática, seja por meio de parcerias ou troca de experiências.


Guilherme Hartung, criador da Fractal Multimídia – empresa fictícia de games que desenvolve em conjunto com seus alunos no Colégio Estadual Embaixador José Bonifácio, no Rio de Janeiro - afirma que a grande facilidade proporcionada pelas redes sociais é a localização de projetos e práticas que trabalham com problemas enfrentados por docentes em outros lugares. “Antes os professores tinham projetos isolados. Hoje podem se conectar e se ajudar, e isso foi uma revolução”, afirma.

Para o professor catarinense Michel Goulart, que mantém o blog História Digital, o uso das redes sociais pode ser uma prática de aprendizagem para o próprio docente. Goulart diz que a troca de informações e experiências é constante nesses espaços virtuais, embora ainda poucos professores a utilizem de forma regular.





Parcerias e recursos educacionais

Um exemplo de articulação proporcionada pelas tecnologias de informação e comunicação (TICs) é a comunidade Recursos Educacionais Abertos (REA-Brasil). Constituída principalmente por um blog e uma lista de debate com quase 200 participantes, a comunidade procura discutir e construir recursos educacionais colaborativos.

Bianca Santana, do time REA-Brasil, conta que hoje os educadores têm a possibilidade de falar com muitas pessoas na rede e, com isso, podem discutir sua realidade, teorias e projetos educacionais. “As TICs permitem que os professores se articulem em todo o mundo. O protagonismo do docente aparece de forma incrível nesse cenário”, diz.

Articulação em rede traz resultados na prática docente para além do mundo virtual

As conexões em rede reforçam o protagonismo do professor, na opinião de Bianca Santana
A partir do contato proporcionado pelas redes sociais, surgem parcerias concretas em torno de projetos e práticas. Um bom exemplo é o dos professores Michel Goulart e Guilherme Hartung. Apesar de não se conhecerem pessoalmente, já se uniram em torno do desenvolvimento de um recurso educacional de realidade aumentada.

Depois de conhecer o trabalho de Hartung através do seu blog, Goulart entrou em contato e levantou a possibilidade de os dois trabalharem na criação de recursos da realidade aumentada para o ensino de história. Na Fractal, o professor desenvolveu uma espécie de armadura utilizada por gregos antigos que, a partir de marcadores em uma webcam, aparece para os alunos e professores.

Além dessa parceria, Hartung já desenvolveu jogos em conjunto com outros professores, como Alex Vieira, da Bahia, e Cláudia de Almeida Pires, de Pernambuco, em áreas como astronomia e biologia. Outro projeto desenvolvido a partir dos contatos virtuais foi um jogo que permitia que estudantes de uma escola portuguesa conhecessem a história e os movimentos da capoeira.

Goulart destaca também trocas importantes que desenvolveu em sua área, como a ocasião em que foi blogueiro convidado na Campus Party, além do reconhecimento por suas atividades inovadoras com novas mídias, por exemplo.

Já Bianca Santana, além da atuação no REA-Brasil, também é professora no colégio Porto Seguro, em São Paulo, e afirma que chegou à escola a partir de um contato iniciado no mundo virtual, e muitos de seus colegas seguiram o mesmo caminho. Há, no entanto, em sua opinião, uma cultura geral na educação de não se registrar processos e resultados, o que dificulta o mapeamento de iniciativas que começaram nas redes sociais e aprimoraram práticas docentes

Resistência docente e pouco conhecimento do tema

Goulart e Hartung concordam que há uma baixa utilização das ferramentas da web entre os docentes. As razões são diversas, mas principalmente o acesso ainda restrito à internet de alta velocidade e o fato de as escolas, muitas vezes, não criarem alternativas para viabilizar a adoção das ferramentas pelos professores. “É uma pena que o principal agente da transformação da educação ainda demonstre resistência ao uso desses recursos”, diz Goulart, antes de avaliar: “É claro que há problemas de remuneração e carga de trabalho no sistema educacional, mas não pode haver uma resistência infundada aos benefícios que elas trazem, inclusive no próprio preparo e execução de projetos pedagógicos.”

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