Da mesma forma que o docente pode levar as novas dinâmicas comunicacionais do mundo virtual para os alunos, ele pode utilizá-las para aprimorar sua prática, seja por meio de parcerias ou troca de experiências.
Guilherme Hartung, criador da Fractal Multimídia – empresa fictícia de games que desenvolve em conjunto com seus alunos no Colégio Estadual Embaixador José Bonifácio, no Rio de Janeiro - afirma que a grande facilidade proporcionada pelas redes sociais é a localização de projetos e práticas que trabalham com problemas enfrentados por docentes em outros lugares. “Antes os professores tinham projetos isolados. Hoje podem se conectar e se ajudar, e isso foi uma revolução”, afirma.
Para o professor catarinense Michel Goulart, que mantém o blog História Digital, o uso das redes sociais pode ser uma prática de aprendizagem para o próprio docente. Goulart diz que a troca de informações e experiências é constante nesses espaços virtuais, embora ainda poucos professores a utilizem de forma regular.
Parcerias e recursos educacionais
Um exemplo de articulação proporcionada pelas tecnologias de informação e comunicação (TICs) é a comunidade Recursos Educacionais Abertos (REA-Brasil). Constituída principalmente por um blog e uma lista de debate com quase 200 participantes, a comunidade procura discutir e construir recursos educacionais colaborativos.
Bianca Santana, do time REA-Brasil, conta que hoje os educadores têm a possibilidade de falar com muitas pessoas na rede e, com isso, podem discutir sua realidade, teorias e projetos educacionais. “As TICs permitem que os professores se articulem em todo o mundo. O protagonismo do docente aparece de forma incrível nesse cenário”, diz.
Articulação em rede traz resultados na prática docente para além do mundo virtual
As conexões em rede reforçam o protagonismo do professor, na opinião de Bianca Santana
Depois de conhecer o trabalho de Hartung através do seu blog, Goulart entrou em contato e levantou a possibilidade de os dois trabalharem na criação de recursos da realidade aumentada para o ensino de história. Na Fractal, o professor desenvolveu uma espécie de armadura utilizada por gregos antigos que, a partir de marcadores em uma webcam, aparece para os alunos e professores.
Além dessa parceria, Hartung já desenvolveu jogos em conjunto com outros professores, como Alex Vieira, da Bahia, e Cláudia de Almeida Pires, de Pernambuco, em áreas como astronomia e biologia. Outro projeto desenvolvido a partir dos contatos virtuais foi um jogo que permitia que estudantes de uma escola portuguesa conhecessem a história e os movimentos da capoeira.
Goulart destaca também trocas importantes que desenvolveu em sua área, como a ocasião em que foi blogueiro convidado na Campus Party, além do reconhecimento por suas atividades inovadoras com novas mídias, por exemplo.
Já Bianca Santana, além da atuação no REA-Brasil, também é professora no colégio Porto Seguro, em São Paulo, e afirma que chegou à escola a partir de um contato iniciado no mundo virtual, e muitos de seus colegas seguiram o mesmo caminho. Há, no entanto, em sua opinião, uma cultura geral na educação de não se registrar processos e resultados, o que dificulta o mapeamento de iniciativas que começaram nas redes sociais e aprimoraram práticas docentes
Resistência docente e pouco conhecimento do tema
Goulart e Hartung concordam que há uma baixa utilização das ferramentas da web entre os docentes. As razões são diversas, mas principalmente o acesso ainda restrito à internet de alta velocidade e o fato de as escolas, muitas vezes, não criarem alternativas para viabilizar a adoção das ferramentas pelos professores. “É uma pena que o principal agente da transformação da educação ainda demonstre resistência ao uso desses recursos”, diz Goulart, antes de avaliar: “É claro que há problemas de remuneração e carga de trabalho no sistema educacional, mas não pode haver uma resistência infundada aos benefícios que elas trazem, inclusive no próprio preparo e execução de projetos pedagógicos.”
Goulart e Hartung concordam que há uma baixa utilização das ferramentas da web entre os docentes. As razões são diversas, mas principalmente o acesso ainda restrito à internet de alta velocidade e o fato de as escolas, muitas vezes, não criarem alternativas para viabilizar a adoção das ferramentas pelos professores. “É uma pena que o principal agente da transformação da educação ainda demonstre resistência ao uso desses recursos”, diz Goulart, antes de avaliar: “É claro que há problemas de remuneração e carga de trabalho no sistema educacional, mas não pode haver uma resistência infundada aos benefícios que elas trazem, inclusive no próprio preparo e execução de projetos pedagógicos.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário